Dois agentes foram afastados das funções na segunda-feira (13). Caso aconteceu no sábado de Carnaval, mas Ezequiel e Ricardo de Souza Gomes dizem que agressões foram sem motivo. Abordagem da GCM termina em pancadaria em Monte Alto, SP
A Secretaria de Segurança Pública de Monte Alto (SP) investiga o envolvimento de outros guardas civis municipais na agressão a dois irmãos, no sábado de carnaval no centro da cidade.
De acordo com o secretário da pasta, João Pereira, sete agentes participaram da ocorrência, mas apenas dois foram afastados até o momento.
"Se possa presenciar talvez um suposto abuso de autoridade, excesso, será averiguado. Enquanto a gente averigua um conjunto de imagens, de imediato, através da Corregedoria [da Guarda Municipal], dois guardas civis que aparecem nesses vídeos estão afastados provisoriamente. A gente não pode ir contra as imagens. Vamos analisar a globalidade das imagens, mas optamos por afastá-los para fazer as devidas averiguações".
Homem é chutado na cabeça durante abordagem da Guarda Civil Municipal de Monte Alto (SP)
Reprodução/Redes sociais
Ainda de acordo com Pereira, cinco agentes foram agredidos na confusão envolvendo a Guarda Civil e Ezequiel de Souza Gomes e Ricardo Alexandre de Souza Gomes. Os irmãos afirmam que entraram em luta corporal com alguns dos agentes, mas dizem que a abordagem foi sem motivo.
"Meti a mão no negócio [arma] de choque, tirei do peito dele [Ezequiel] e fui pra cima dos guardas de soco. Foi onde começaram a dar tiro de borracha e me acertaram uns três e outro foi na cara. Aí cai no chão e meu irmão pensou que eu estava morto, começou a gritar 'socorre, socorre' e foi tentar me pegar do chão para por no carro pra ir no pronto socorro", diz Ricardo.
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O secretário de Segurança de Monte Alto aguarda laudos médicos e novas imagens que possam apontar outros envolvidos no caso.
"Foram feitos os devidos laudos e tudo corre dentro do inquérito civil".
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À EPTV, afiliada da TV Globo, Ezequiel afirmou que foi atingido no peito por sete disparos e um tiro de raspão na cabeça.
Pereira disse que os exames podem comprovar ou não que os ferimentos que o homem alega partiram de uma arma de fogo. Ele não nega que um dos agentes envolvidos na ação atirou, mas diz que o tiro foi direcionado para o pé de Ricardo, na tentativa de conter os dois homens.
"Vai ser juntado ao boletim [de ocorrência] um laudo médico, mas acredito que ele esteja contando disparos de armas não letais. O choque elétrico fixa na pessoa e a maioria dos disparos foi de choque elétrico, arma taser. Se ele tivesse tomado sete tiros, talvez a situação não seria essa clínica, porém, o que vai atestar a veracidade disso é o laudo médico que será agregado ao inquérito civil. Ele teve alguns disparos de arma não letal, provavelmente nessa região".
'Não haveria averiguação sem motivo'
O secretário também rechaçou a afirmação dos irmãos de que a abordagem da GCM foi sem motivo. O boletim de ocorrência foi registrado como lesão corporal, resistência e ameaça, de acordo com a Delegacia de Monte Alto.
"Não haveria averiguação sem o princípio. O pessoal [agentes] parou pra ver o que estava acontecendo, foi feita a primeira tentativa de resolver na comunicação. Não foi possível, eles [os irmãos] resistiram nesse ato. O segundo ato foi tentar mobilizá-los por armas de choque elétrico, eles também resistiram, continuaram a partir pra cima dos guardas civis e foi desencadeando para contenção da ocorrência, balas de borracha, elastômero, até quando partiram para luta corporal e um dos nossos guardas, com a possibilidade de sua arma ser retirada e, ai sim, ter uma tragédia, houve os disparos letais", diz Pereira.
Ezequiel revelou que foi abordado primeiro que Ricardo, mas afirma que não entendeu a ação dos guardas.
"Falei 'que que está acontecendo? Nós não temos 15 anos para sermos intimidados'. Foi quando meu irmão chegou. Aí eles deram o primeiro tiro de taser em nós e foi quando começou toda a confusão".
Ricardo conta que estava mais longe do irmão quando viu os guardas se aproximarem e foi defendê-lo.
"Já desceram quatro sacando a arma, engatilhando a arma, falando palavrão pro meu irmão. Sai correndo e fui ver o que estava acontecendo. Pus meu irmão atrás de mim e comecei a tentar apaziguar, 'o que está acontecendo, senhor? Vamos conversar, conversando a gente se entende'. Foi onde deram tiro no meu irmão de choque no peito. A hora que vi, perdi a cabeça, fui tentar defender meu irmão".
Os irmãos Ezequiel de Souza Gomes e Ricardo Alexandre de Souza Gomes afirmam que foram agredidos por guardas civis de Monte Alto (SP)
Aurélio Sal/EPTV
Vídeos flagraram agressões
Em vídeos que circulam nas redes sociais, Ricardo aparece na calçada em frente a Ezequiel. Os dois discutem com os guardas, até que um dos agentes dispara um choque contra Ezequiel.
No momento do disparo, Ricardo reage e também é atingido. Na sequência das imagens, dá para ver que a blusa de Ricardo é rasgada e arrancada. Ele é alvejado e desmaia.
Em outro vídeo, Ezequiel aparece sentado no chão sendo agredido por dois guardas. Quando a esposa dele se aproxima filmando toda a ação, o aparelho é atingido com um soco e a gravação é interrompida.
Ezequiel também diz que recebeu chutes e socos enquanto estava algemado. Pereira informou que vai analisar este fato também.
"A gente não tem conhecimento do depoimento dos guardas, algumas imagens mostram algo similar, tanto que está sendo averiguado. Tudo será averiguado pela Corregedoria e pela Polícia Civil. A gente vai aguardar laudos e imagens completas e qualquer excesso de um agente da GCM, ele será responsabilizado na medida do seu ato".
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Publicada por: RBSYS
